BURNOUT: Quanto Vale a Sua Saúde?

Síndrome de Burnout (SB) tem ganhado os holofotes desde que foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) pela OMS.

Muito tem sido falado a respeito mas pouca gente realmente entendeu do que se trata.

Vamos esclarecer alguns pontos

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Burnout é uma condição médica já reconhecida, contemplada pela Classificação Internacional de Doenças em sua Décima Edição (CID10) de 1990, no capítulo “Problemas relacionados com a organização de seu modo de vida”, sob o código Z73.0 “state of vital exhaustion” ou Esgotamento.

No CID 11, que entrará em vigor somente em 2022, o Burnout ganhou um código para chamar de seu: QD85, incluído no capítulo “problemas associados” ao emprego ou ao desemprego e descrito como “síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito”.

A enfermidade está propositalmente fora do capítulo de transtornos mentais por tratar-se de fenômeno ligado ao trabalho, resultado de estresse crônico que não foi gerenciado de forma adequada.

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Burnout, enquanto fenômeno, existe desde os primórdios. O Antigo Testamento já falava do “cansaço de Elias” nas tarefas de Moisés…

Porém o termo derivado do inglês, foi usado pela primeira vez em 1974 pelo psicanalista Herbert Freudenberger que descreveu a síndrome reconhecendo os sintomas em si mesmo.

Mais tarde, Christina Maslach e Michael Leiter deram à SB sua definição final composta pelo tripé: exaustão emocional, despersonalização e falta de realização profissional.

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No topo do tripé está a EXAUSTÃO EMOCIONAL que pode se manifestar de várias formas, entre elas: fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, queda da produtividade e da capacidade criativa

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A DESPERSONALIZAÇÃO, nesta síndrome, engloba um distanciamento na relação com o trabalho, ocorrendo perda do envolvimento profissional, perda de empatia, frieza, cinismo.

Já a DESVALIA PROFISSIONAL é caracterizada por uma sensação de incapacidade produtiva, de autoestima diminuída em relação ao trabalho, sensação de inutilidade, impotência.

Não foi por um acaso que a OMS resolveu trazer visibilidade ao tema

Nunca tivemos condições tão tóxicas de trabalho! Cada vez mais isso tem sido constatado, como mostra Marc Tawil em seu artigo Apenas 6 em cada 10 brasileiros se sentem totalmente respeitados no trabalho.

A glamorização do trabalho sem limites somada à condições de trabalho cada vez piores tem aumentado, e muito, os índices da enfermidade.

Síndrome de Burnout se tornou um problema de saúde pública, acarreta ausência no trabalho, licença por doença, gerando despesas para a organização empregadora, além de afetar a qualidade do serviço, a produtividade e o lucro. 

No Brasil, em 1999 o Ministério da Saúde incluiu a SB na lista de Doenças relacionadas ao trabalho. Em 2007, foi inserida na Lista da Previdência Social sob título Transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho, por meio do Decreto nº 6.04211.

Os Dois Lados da Moeda: empregado X empregador

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A Síndrome de Burnout é uma combinação de dois fatores: ambiente + indivíduo

Alguns tipos de personalidade estão mais vulneráveis ao Burnout. Pessoas com características como:

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  • Competitividade
  • Hostilidade
  • Imediatismo
  • Ambição
  • Necessidade de reconhecimento

estão mais sujeitas a desencadear a síndrome.

Como blindar o esgotamento?

Em primeiro lugar questione se você realmente quer e precisa estar neste ambiente.

Precisamos desenvolver a arte de dizer NÃO

O não para o outro muitas vezes é o SIM para si mesmo.

É essencial conhecer e respeitar os próprios limites

Se colocar no lugar de vítima, só vai te afogar mais nessa situação. Temos que aprender que é papel nosso, e só nosso, estabelecer quais são os nossos limites. E para isso, o único remédio é o auto-conhecimento.

Ainda sim, infelizmente, algumas pessoas estão inseridas em ambientes tão tóxicos de trabalho que parecem ter sido submetidas a uma espécie de “lavagem cerebral” e apesar do corpo dar sinais de que não está mais dando conta das noites em claro, 16 horas de trabalho diário, abuso moral, etc, elas continuam indo, indo e indo… É como correr uma maratona e depois exigir das pernas um Triatlo. Meu amigo, não vai dar. Uma hora pifa!

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E aí começam os sintomas físicos como palpitação, sudorese, falta de ar, dor no estômago… Aumento dos níveis pressóricos, queda do sistema imune, aumento de cortisol, colesterol… Se forma então a síndrome típica do profissional desmotivado, frio, distante, até ríspido e exausto. Por fim podem se apresentar sintomas depressivos, ansiosos e ataques de pânico.

Tudo isso? Sim. Então evite chegar a esse ponto. Trasse metas e objetivos, saiba onde quer chegar. Estabeleça seus valores e propósitos e coloque na balança: nem tudo vale o preço.

E como bem disse Matheus de Souza, aprenda a pedir ajuda, lembre-se que não está sozinho e que empregos virão outros, mas saúde é uma só.

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Referencias:

A tragédia anunciada do médico moderno https://pebmed.com.br/burnout-tragedia-do-medico-moderno/

MOREIRA, Hyan de Alvarenga; SOUZA, Karen Nattana de; YAMAGUCHI, Mirian Ueda. Síndrome de Burnout em médicos: uma revisão sistemática. Rev. bras. saúde ocup., São Paulo , v. 43, e3,  2018 . Available from . access on 15 June 2019. Epub Mar 12, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/2317-6369000013316

Mamilos – PODCAST : Burnout

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