Acabo de terminar o livro Mindset de Carol S. Dweck e acredito ter garimpado ouro em meio às suas 300 páginas de leitura.

A ideia que Carol Dweck traz sobre mindset, construída pouco e pouco e ilustrada com diversos exemplos ao longo do livro, me ajudou muito a voltar a acreditar no meu potencial de desenvolver habilidades.

Desde muito pequena aprendi a gostar de estudar. Sob muita disciplina, me acostumei a estar sempre entre os melhores alunos da escola. No ensino médio me destaquei a ponto de ser convidada para dar monitoria aos outros colegas e receber bolsa integral para curso preparatório pré-vestibular (isso mesmo, na minha época ainda não tinha ENEM).

E tive sucesso! Passei em medicina na UFMG! O que era um sonho para muitos, eu tinha conseguido. E é assim que entramos na faculdade, com ego inflado!

Com o que eu não contava é que estaria entre os melhores dos melhores e, logo nos primeiros dias de aula comecei a perceber que estava num lugar até então desconhecido: Estava entre os piores! Eu não era inteligente o suficiente, não tinha uma memória incrível, nem a disciplina militar de outros.

Me conformei rapidamente que alcançar o objetivo de ser aprovada era o suficiente e meu histórico foi ganhando uma bela coleção de “Ds” ao longo dos primeiros períodos. Eu tinha perdido de vista a possibilidade de estar entre os melhores de novo. Eu não tinha no meu repertório métodos ou recursos de desenvolvimento de habilidades. Por estar entre os piores, me conformei em ser pior. E por muito tempo foi assim…

Agora, no mestrado, tive um baita desafio, ter que cursar a disciplina de bioestatística.

Cara, eu sempre fui péssima em exatas, e agora não só estava tendo que aprender estatística, como também tive que reaprender a matemática do ensino médio…

Quando caiu a ficha de onde eu estava, pensei seriamente em desistir.

É aí que entra o livro de Carol Dweck. Nesse momento a leitura do livro foi crucial para me fazer acreditar que é completamente possível desenvolver habilidades, esteja você entre os piores ou não. E foi isso que eu fiz, me dediquei, procurei buscar diferentes tecnicas de aprendizado, me esforcei… e deu certo! Passei em bioestatística, e com B!

Acredito que incorporar esse conceito tenha me feito tão bem que resolvi fazer uma pequena súmula das principais ideias do livro para facilitar o acesso dessas informações pra vocês!

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Estou entregando de bandeja 300 páginas de leitura.

O que quer dizer MINDSET?

Esse termo que vem do inglês pode ser traduzido como: “Cenário da mente” ou campo de consciência.

O precursor da Terapia Cognitiva Comportamental, Aaron Beck (1997), já considerava como principal papel do psicoterapeuta auxiliar o paciente na identificação das suas crenças deturpadas, de modo a identificá-las. Esse processo de reestruturação cognitiva permite que as pessoas mudem a maneira de interpretar o que acontece ao seu redor, ampliando o campo de consciência e sua visão de mundo.

Esse conceito nos da base para entender a ideia de mindset que Carol Dweck traz em seu livro.

Mindset fixo

Existe uma persona de mindset fixo dentro de cada um que se revela de tempos em tempos. Essa parte de nós nos julga o tempo todo, nos repreende quando fracassamos em algo e nos leva a evitar desafios.

O mindset fixo diz:“ – Você tem características permanentes e eu as estou avaliando”.

Tudo tende a nos levar para o mindset fixo. Os elogios dos pais, as escolas com suas notas e os estereótipos que construímos moldam os mindsets desde criança.

Avaliar um estudante com base em uma nota, reforça a urgência do mindset fixo, que busca o êxito absoluto e imediato, como se um número em uma página definisse a capacidade de um aluno de forma definitiva. O desempenho não pode ser medido só por uma apreciação, assim como não se pode determinar a inclinação de uma linha com apenas um ponto.

Os estereótipos, tão presentes na sociedade que vangloria a imagem, só reforçam o mindset fixo. Quando recebemos um rótulo positivo, receamos perdê-lo. Quando recebemos um rótulo negativo, receamos merecê-lo. Além de usurpar as capacidades das pessoas, os estereótipos causam prejuízos por levá-las a acreditar que não estão no lugar adequado.

A busca pelo ideal cria tensões, ruídos na mente, perturbando o raciocínio e fazendo adiar coisas, ou até desistir, isso faz com que se sinta desmoralizado pelo ideal que nunca poderiam esperar atingir.

A persona do mindset fixo nasceu para nos proteger e nos manter em segurança, mas desenvolve formas muito limitadas de fazer isso.

O mindset fixo pode ser muito tentador, parece prometer toda uma vida de reconhecimento do seu valor, sucesso e admiração simplesmente por existir e ser quem se é.

Mindset de crescimento

Quando pensamos em “inteligência”, pensamos que as pessoas já nascem inteligentes, medianas, ou burras, e que permanecem assim durante toda a vida. Mas pesquisas recentes mostram que o cérebro se parece com um músculo: ele se modifica e se fortalece com o aprendizado.

Um mindset de crescimento tem a ver com acreditar em desenvolver habilidades.

O mindset de crescimento diz: “- você é uma pessoa em desenvolvimento e eu tenho interesse na sua evolução”.

A persona de mindset de crescimento observa o que acontece, mas seu monólogo interno não trata de julgamento, está afinada com suas implicações para o aprendizado e ação construtiva.

No mindset de crescimento, as pessoas não só buscam o desafio como prosperam com ele.

Acontece quando procuramos adquirir habilidades e encontrar recursos que nos faça progredir em direção aos nossos objetivos.

O Mindset no trabalho

Uma pessoa de mindset fixo diante de uma tarefa no trabalho, acredita que a tarefa serve para medir suas capacidades básicas subjacentes. Já as pessoas de mindset de crescimento já pensam que as suas capacidades de desenvolvem com a prática e que a tarefa lhes dariam a oportunidade de cultivar suas aptidões.

O mindset fixo pode tornar as “pessoas complicadas”, podem ser capazes de demonstrar características positivas, mas há uma corrente subjacente de ego que pode explodir a qualquer momento.

As pessoas de mindset fixo vivem num mundo dicotômico em que alguns são superiores e outros inferiores. Precisam constantemente afirmar sua superioridade.

Líderes de mindset fixo costumam carregar um ego de proporções gigantescas. Acreditam que grandes gênios não precisam de grandes equipes, precisam apenas de subordinados para executar as suas ideias brilhantes.

É preciso ter atenção ao “pensamento de grupo” que pode ocorrer quando as pessoas confiam demais em um líder talentoso ou genial. Todos os membros do grupo começam a pensar de forma parecida, ninguém discorda. Heródoto, que escreveu no século V aC, relata que os antigos persas utilizavam uma técnica que, sempre que um grupo chegava a uma decisão estando sóbrios, voltavam a considerá-la mais tarde, quando estavam bêbados.

Educação

Muitos educadores acreditam que se baixarem os padrões seus alunos terão experiências bem sucedidas, elevarão suas autoestimas e seu nível de realização. Isso tem origem na mesma filosofia que aconselha a superelogiar a inteligência dos alunos.

Bem, isso não funciona. Abaixar os padrões simplesmente gera estudantes pouco instruídos que se consideram com direito a se esforçar pouco e serem muito elogiados.

Os que comemoram o fracasso não estarão por perto para ajudar os alunos de hoje a comemorar empregos de segunda categoria amanhã.

O Mindset no esporte

Os técnicos dizem que nos velhos tempos, depois de um jogo, os pais costumavam analisar o jogo na volta pra casa e dar dicas técnicas uteis. Hoje, na volta pra casa, eles dizem que os pais colocam a culpa pelo mau desempenho e a derrota na partida nos técnicos e juizes.

É como dizia John Wooden “Ninguém pode ser considerado fracassado até que comece a culpar os outros”. Só é possível aprender com os próprios erros se você não negá-los.

Muitas vezes ter um dom fenomenal pode ser uma maldição. A carga do talento prejudica o prazer.

No mindset de crescimento, muitas pessoas possuem talento, mas nenhuma delas se acha especial, nascido pra vencer. São pessoas que se esforçam, aprendem a manter a concentração sob pressão e quando necessário vão além da sua capacidade.

Muitos atletas de mindset fixo podem ter sido “talento nato”, mas quer saber de uma coisa? Já esquecemos a maioria deles.

Quando o sucesso se torna o inimigo

Podemos ser facilmente contaminados pelo sucesso. A doença “do eu” pode fazer com que você se esqueça da disciplina e do trabalho que o fizeram chegar até ali. O sucesso amolece, transforma até a pessoa mais ambiciosa em complacente e descuidada.

O elogio

A geração elogiada chegou ao mercado de trabalho.

Esses filhos do louvor estão entrando no mercado de trabalho, e com certeza muitos podem não funcionar sem ter um rótulo para casa movimento.

Temos agora uma força de trabalho cheia de pessoas que precisam de reafirmação constante e que não podem ser criticadas.

Pais bem intencionados tentam elevar a autoestima dos filhos dizendo para eles o quanto são inteligentes e talentosos.  Isso gera uma série de efeitos negativos.

Mas então deveríamos restringir a nossa admiração por seus sucessos? Absolutamente não. Significa apenas que devemos evitar alguns tipos de elogio. Os elogios deveriam tratar não dos atributos de personalidade, como inteligência, e sim de seus esforços e realizações

O Mindset dentro nos relacionamentos

As pessoas têm que decidir que tipo de relacionamento desejam: os que gratificam seu ego ou os que te desafiam a se desenvolver?

As pessoas de mindset fixo sentem-se julgadas e rotuladas por uma rejeição. Rotuladas permanentemente. Era como se tivesse havido um veredicto e alguém tivesse gravado em testas: DETESTÁVEL.

Ao conhecer alguém interessante as pessoas de mindset, buscando se proteger de uma nova rejeição, controlados pelo receio do julgamento social, podem parecer frios e desinteressados.

Já as pessoas de mindset de crescimento acreditam que um relacionamento bom e duradouro decorra do esforço e da vontade de resolver as inevitáveis diferenças.

Conclusão

Um simples ajuste de crenças, se tornando vigilante, parece poder libertar seu poder mental e inspirar a trabalhar melhor e obter resultados.